A VERDADE É UMA CHATICE: De um Modo Raro, Lavrov Abordou uma Velha Realidade


Na sua recente intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, Sergei Lavrov, apontou uma realidade histórica há muito conhecida, mas raramente tratada nos Estados do Ocidente, com especial relevo para Portugal. Refiro-me a uma realidade que também envolveu a Segunda Guerra Mundial, mormente no domínio europeu.
O segundo conflito mundial, em essência, teve duas fases, temporais e geográficas: a guerra na Europa, que constituiu o seu início, e a guerra no Pacífico, já mais tarde, na sequência do ataque japonês a Pearl Harbour. Ora, Lavrov abordou, e com grande verdade, a primeira parte, que se constituiu no início do conflito.
Esta primeira parte tem um contexto ideológico, digamos assim, e um acontecimento material. O contexto ideológico suportou-se no despontar do nazismo na Alemanha, por razões que, de um modo muito geral, são correntemente bem tratadas. Todavia, o nazismo surgiu, quase em simultâneo, com o dealbar da Revolução Soviética de 1917. Ora, este acontecimento constituiu, desde o seu nascimento, uma tremenda preocupação para os Estados ocidentais. Para mim, sem ser por acaso foi por essa altura que se operaram os acontecimentos de Fátima.
O acontecimento material foi a operação de falsa bandeira da Alemanha na sua invasão da Polónia, que veio a marcar o início da Segunda Guerra Mundial, ainda só na Europa. Mas voltemos ao anterior contexto ideológico. A dado passo, os líderes francês e inglês, Daladier e Chamberlain, deslocaram-se à Alemanha, onde deram corpo, com Ribentrop, ao histórico Pacto de Munique. Ora, este acordo teve um objetivo, que foi conseguido na circunstância: tentar aplacar um potencial movimento alemão para Oeste, esperando que o mesmo acabasse por vir a dar-se para Leste, com uma guerra a realizar com a União Soviética. Simplesmente, Estaline era um político sagaz e logo percebeu o que se pretendia, por parte da França e da Inglaterra, assim dando corpo a uma fortíssima aproximação com a Alemanha de Hitler, pondo em prática o Pacto Germano-Soviético. A consequência foi o cabalíssimo falhanço do Pacto de Munique, acabando a Alemanha de Hitler por avançar para Oeste. A realidade antes exposta mostra como, de facto, Lavrov teve a mais cabal razão, quando há dias referiu que a Segunda Guerra Mundial começou por ser uma guerra do Ocidente contra a União Soviética, mas que correu mal para a França e a Inglaterra. Era, de facto, a guerra contra o comunismo soviético. Já pelo final, o histórico General Patton ainda se bateu para que os Estados Unidos avançassem até Moscovo, porque a URSS seria o seu real e principal inimigo. E também nunca concordou com a atribuição de Eisenhower aos militares soviéticos, de modo a que fossem estes a entrar, em primeiro lugar, em Berlim. Creio ter mostrado que Sergei Lavrov teve a mais cabal razão no que disse: a guerra da Europa contra a URSS estava, há muito, no domínio potencial, tentando a primeira que os alemães se voltassem contra a segunda, mas em que a sagacidade de Estaline deitou toda esta estratégia por terra. Hoje, é, mais uma vez, esta a realidade: a guerra dos europeus contra a Federação Russa está há muito em andamento, mais no plano potencial, esperando os primeiros, com a recente vaga de operações de falsa bandeira, levar os Estados Unidos a envolverem-se no conflito. Bom, será a Terceira Guerra Mundial. Como se vê, com adaptações, a História repete-se.

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