
Tudo adiado para os jogos de novembro. Num jogo muito parecido com o de Budapeste (2-3), Portugal entrou a perder, conseguiu virar o resultado, com mais dois golos de Cristiano Ronaldo, mas, desta vez, foi a Hungria que marcou em tempo de compensação e gelou o Estádio de Alvalade numa altura em que os portugueses já festejavam a qualificação antecipada para o Mundial 2026.
Portugal esteve a poucos minutos de garantir uma das qualificações mais rápidas de sempre, tal como os magriços, em 1966, com apenas quatro jogos e com a ajuda da Irlanda, mas acabou por comprometer as suas ambições já em período de compensação, depois de Cristiano Ronaldo ter levado as bancadas ao delírio com mais dois golos e um recorde mundial.

Esta noite, o Estádio de Alvalade voltou a engalanar-se para «desfrutar» de uma seleção que voltou a fazer sofrer os portugueses. Portugal entrou no jogo com uma elevada posse de bola, tal como já tinha feito frente à Irlanda, diante de uma Hungria que, nos primeiros instantes, procurou incomodar, com um bloco subido, mas a verdade é que os magiares foram obrigados a recuar a toda a linha. Portugal conseguia subir no relvado, graças à largura que Nélson Semedo e, sobretudo, Nuno Mendes, proporcionavam sobre as alas.
Foi assim, aliás, que surgiu a primeira oportunidade, ao primeiro toque, com Nuno Mendes a dar para Bruno Fernandes que, por sua vez, serviu Cristiano Ronaldo que atirou por cima. Um bloco muito subido que permitia à Hungria, quando recuperava a bola, aparecer do nada do outro lado do campo. Foi assim que Roland Sallai, depois de roubar uma bola a Vitinha, rematou cruzado para uma defesa apertada de Diogo Costa. Na sequência do consequente pontapé de canto, o central Atilla Szalai gelou as bancadas com o primeiro golo da noite. Roberto Martinez tinha avisado para o perigo das bolas paradas dos húngaros, mas foi assim mesmo que desbloquearam o marcador.

Um golo que silenciou as bancadas e deixou a seleção portuguesa nervosa em campo. Portugal continuava a manter uma elevada posse de bola, mas sem ideias para contornar uma Hungria que, agora, apresentava-se ainda mais fechada. A verdade é que o recuo acentuado da Hungria permitiu a Portugal relaxar, assentar ideias e, com paciência, trabalhar para chegar ao empate. Uma grande combinação de Vitinha com Nélson Semedo sobre a direita permitiu ao lateral cruzar para o segundo poste onde surgiu Cristiano Ronaldo a encostar. «Siiiimmm», estava feito o empate e tínhamos jogo em Alvalade.
Um golo que resulta em mais um recorde para o mais internacional de todos os portugueses, com Cristiano Ronaldo a passar a ser o jogador com mais golos em jogos de qualificação para Campeonatos do Mundo, com um total de 40 golos.
A verdade é que Portugal estava a crescer e o golo proporcionou ainda mais confiança. Em Budapeste o jogo tinha chegado ao intervalo com um empate 1-1, mas, desta vez, Portugal conseguiu virar mesmo o resultado, já em tempo de compensação, com Nuno Mendes a combinar com Pedro Neto e a arrancar um cruzamento fenomenal para o segundo poste onde Ronaldo apareceu outra vez a encostar. Uma eficácia brutal, com duas oportunidades claras para Portugal e dois golos.
O intervalo chegava com as bancadas em ebulição e com Portugal já com um pé no Mundial, uma vez que ainda não havia golos no outro jogo na Irlanda.
Três bolas nos ferros, muito sofrimento e desilusão
Pela primeira vez em vantagem, Portugal entrou para o segundo tempo ligeiramente mais recuado, mas muito mais confortável no jogo, novamente com uma elevada posse de bola, mas agora com uma consistência defensiva reforçada, procurando atrair os húngaros para o seu meio-campo, antes de partir para o lado contrário.
Portugal crescia e ameaçava matar o jogo, com uma série de oportunidades flagrantes, com destaque para uma bomba de Rúben Dias que foi devolvida pelo poste, seguido de outro remate, desta vez de Bruno Fernandes, ao mesmo ferro.
A baliza da Hungria abanava por duas vezes, numa altura em que o jogo começava a ficar mais partido, com a Hungria a recuperar novamente a capacidade de resposta. Portugal tinha mais bola, mas cometia erros crassos que permitiam à Hungria reentrar no jogo.
João Félix, mal entrou, também esteve muito perto de fazer o terceiro e matar o jogo, mas a Hungria também ameaçou o empate, com destaque para uma cabeçada de Szalai à trave, com Rúben Dias a evitar depois o golo. Um tremendo susto para Portugal que voltou a reforçar a concentração, até porque, nesta altura, a quinze minutos do final, a Irlanda marcava à Arménia e Portugal ficava, assim, com o bilhete para o Mundial no bolso.
Roberto Martinez já tinha lançado João Félix, Francisco Conceição e João Palhinha para a contenda e lançou ainda Nuno Tavares e Gonçalo Ramos, proporcionando mais uma grande ovação para Cristiano Ronaldo que ainda deixou o relvado com o Mundial à vista.
A verdade é que Portugal teve mesmo de sofrer até ao último suspiro. A Hungria voltou a crescer no jogo, voltou a conquistar cantos e a colocar Diogo Costa à prova. Agora comemorava-se nas duas balizas, na de Balázs Tóth, quando Portugal atacava, mas também na de Diogo Costa, quando Portugal anulava mais uma oportunidade da Hungria. O ambiente continuava a ser de festa em Alvalade, mas notava-se um crescente nervosismo, das bancadas ao relvado. O que chegou a parecer garantido, podia ruir a qualquer instante.

Foi já depois do minuto 90 que chegou o balde de água fria, mesmo gelada, em mais um ataque dos magiares, pela direita, com Szoboszlai a surgir nas costas de Nélson Semedo e a gelar as bancadas. Um empate que adia a qualificação portuguesa por mais um mês, quando Portugal, em novembro, visitar a Irlanda.
Com um total de quatro golos consentidos diante da Hungria, Portugal vai ter de esperar mais um mês para assegurar a qualificação para a sua nona fase final de um Campeonato do Mundo, a sétima consecutiva. Foca ainda a faltar um ponto. Um ponto final que podia ter fixado esta noite, mas que fica adiado até ao próximo jogo.
