Sejamos objetivos: na sua intervenção desta quinta-feira, nas instalações do ISCTE, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa abriu as portas ao fim do Serviço Nacional de Saúde, de preferência partilhado por PS e PSD, certamente também com o acordo do CDS e da IL. E se a sua sugestão foi esta, logo um pouco depois a deputada do PS, Fátima Fonseca, lhe deu o mais cabal apoio: defendeu, sem pestanejar, um acordo alargado na Saúde…
Esta terá sido, quase com toda a certeza, a pior lição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, hoje a exercer as funções de Presidente da República. Objetivamente, o que o Presidente da República propôs foi a extinção da prática democrática no domínio da Saúde. Num certo sentido, a criação de uma espécie de união nacional. Mas a verdade é que se percebe que uma tal ideia, de facto e num tempo curto, é inaplicável. Já em tempos se viu isto mesmo com a ideia de Cavaco Silva em favor de um consenso na Justiça, ideia depois retomada por Marcelo, mas igualmente sem andamento.
Claro está que esta ideia foi como ouro sobre azul para o PS, ou o Governo de António Costa já teria mudado o panorama decadente do SNS, que até já vinha de trás. Agora, o PS passa a poder dizer que foi o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que propôs a ideia, partilhada, também, com o PSD. É, sobretudo por parte do PS, uma autêntica traição a António Arnaut e à enorme maioria dos portugueses, velhotes e sem condições para poder pagar cuidados de saúde. A dado passo – tenho aqui de dizer –, já não conseguia parar a minha tendência para rir, tal era a dificuldade do Presidente da República em chegar ao fim do que tinha de dizer: pôr um fim no SNS, mas fora dos termos fixados pela Constituição de 1976. Mas claro que nada irá ser resolvido, porque apenas se impõe aos portugueses o fim da gratuitidade dos cuidados de saúde, tal como prescrito no texto constitucional. A saúde irá passar a ser acessível, apenas, a quem puder pagá-la.
Fiquei espantado com aquela realidade exposta pelo Presidente da República, a cuja luz o setor social, de facto, é também suportado pelos dinheiros públicos. E logo me ocorreu Adalberto Campos Fernandes, sempre tão defensor da utilização simultânea dos setores público, privado e social. Afinal,… A verdade é que também é isto que se passa com as sempre badaladas IPSS: verdadeiras minas…
Convém, pois, que os portugueses se deem conta destes estrénuos defensores da democracia, ao mesmo tempo que invetivam o regime constitucional de 1933: quando acabou de passar o primeiro meio século da Revolução de 25 de Abril, sempre com a democracia na ponta da língua, as reais grandes conquistas dos portugueses lá vão sendo deitadas às urtigas. E sobre Ana Paula Martins, com o tal balanço da sua ação, (o mais que esperadíssimo) nada. A verdade é que Marcelo é também do PSD. Com este seu discurso, que parecia não ter fim – seria sempre muito difícil trazer uma tão má nova a quase todos nós –, os portugueses ficaram a saber que vem aí o fim do Serviço Nacional de Saúde universal e tendencialmente gratuito. Um verdadeiro desastre político para os portugueses, só possível com o suporte do PS à política da procura de riqueza por via dos cuidados de saúde. É obra!!
O FIM: Marcelo Atestou O Fim Do Serviço Nacional De Saúde
