Enquanto os europeus dormem, o mundo gira


A recente divulgação de diretivas da política internacional de defesa dos EUA evidenciou o sentimento negativo que existe por parte da atual administração americana em relação à Europa.
A vontade de destruir o projeto europeu é evidente – só os europeus se recusam a ver. E aqui reside exatamente o problema.
Os grandes projetos da Humanidade entram em decadência pela incapacidade dos seus atores prosseguirem e renovarem o projeto.
Os desafios exteriores, ou mesmo interiores, são apenas a ignição proveniente de uma deficiência mais profunda que atinge os cidadãos que compõem a Europa. Se perguntarem a qualquer europeu, de qualquer país membro, qual o fundamento, a ideia, a visão que deu lugar ao projeto da União Europeia, esse cidadão não sabe responder. Aqueles que sabiam estão praticamente desaparecidos – eram aqueles que passaram pelas agruras da segunda grande guerra, geração que está praticamente desaparecida.
A União Europeia tem bastantes carências, não só do ponto de vista visionário como do ponto de vista pragmático. As lideranças são cada vez mais deficientes, tomadas por personagens vindos de países como se de um exílio dourado se tratasse, onde o mérito, a competência e os valores perderam qualquer peso. Está, enfim, à mercê de um mundo de múltiplas ordens que se preparam para o dividir em zonas de influência onde a Europa é um joguete.
E como joguete, deve ser levado à sua consumação, por razões evidentes de desprezos pessoais de personagens sinistras influentes internacionalmente.
Mas a base, o cidadão europeu, continua adormecida, tomada por um entorpecimento mental e anímico tão difícil de entender quanto evidente é a vontade dessas múltiplas ordens destruírem o projeto europeu, enfraquecendo o conjunto.
A Europa, berço das influências que criaram o mundo atual, presta-se agora ao ocaso fruto dos seus erros, alguns clamorosos, mas também com contribuições importantíssimas que agora descredibiliza por si mesma e por influência dos seus adversários – internos e externos – que não se importam de o fazer às vistas de todos.
Na balança desta guerra, para os quais os europeus ainda não se deram conta ou não querem enfrentar, o resultado final será determinado pela força de espírito do cidadão face aos ataques ao projeto europeu. Se esta força de espírito for superior, o projeto estará salvo, ainda que careça de importantes alterações e melhoramentos. Mas se esta força de espírito for inferior à intensidade dos seus adversários, o projeto europeu está condenado desde já e o futuro da Europa será incerto e perigoso.
Para quando o cidadão europeu acordará para esta realidade?

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