Meses após o início da guerra comercial com os Estados Unidos, os consumidores canadianos continuam a virar massivamente as costas ao sumo de laranja americano, cujas exportações para o Canadá caíram para o nível mais baixo em mais de vinte anos.
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Pelo menos é o que indicam os dados publicados na terça-feira pelo Gabinete do Censo dos Estados Unidos.
O sumo de laranja americano tornou-se rapidamente um dos alvos mais óbvios dos consumidores canadianos, frustrados com a guerra tarifária do presidente americano Donald Trump.
Logo após o anúncio das primeiras tarifas em fevereiro, o ex-primeiro-ministro Justin Trudeau apelou aos canadianos para fazerem a sua parte, incentivando-os explicitamente a boicotar o sumo de laranja proveniente da Florida.
Pouco depois, o governo federal publicava a sua primeira lista de produtos que seriam alvo de contra-tarifas de 25%, e o sumo de laranja fazia parte dela.
Os dados do Gabinete do Censo dos Estados Unidos são um sinal de que a resposta canadiana está a funcionar, mas é difícil dizer se tal se deve às taxas alfandegárias impostas pelo Canadá — que fizeram aumentar o preço do sumo de laranja americano nos supermercados — ou às escolhas individuais dos consumidores.
Em julho, o preço da fruta fresca no Canadá aumentou 3,9% em relação ao ano anterior, segundo os dados mais recentes do Statistics Canada, que infelizmente não publica informações sobre os diferentes tipos de sumo nos seus relatórios.
Nos supermercados, contudo, os consumidores notaram que o preço das garrafas de sumo de laranja americano disparou nos últimos meses, chegando por vezes a ultrapassar os 13 dólares por um recipiente de 2,63 litros.
Em paralelo, o Canadá aumentou as suas importações de sumo de laranja de outros países, nomeadamente do México e do Brasil.
Outros produtos americanos, como o vinho da Califórnia e o bourbon do Kentucky, também viram as suas exportações para o Canadá cair nos últimos meses.