O PRIMEIRO DEBATE: Um Debate Com o Mais Que Esperado Desfecho


Acabo de visionar o primeiro debate das eleições presidenciais que se aproximam, que colocou frente-a-frente António José Seguro e André Ventura, oriundos, respetivamente, do PS e do Chega. Vendo bem, um tempo de debate que mostrou o já esperado pela grande maioria dos mais atentos à vida política.
De um modo simples, o debate valeu muitíssimo pouco, porque cada um dos contendores desempenhou o que de si seria sempre de esperar. De André Ventura, a truculência e o constante mecanismo de interromper o discurso do seu adversário. E sobre o modo de abordar as questões do País e dos portugueses, bom, simplesmente nada. Como usualmente.
Esta intervenção de André Ventura deverá ter ajudado a reter o voto dos simpatizantes do Chega. Mas também serviu para mostrar o seu apego à ação governativa do Governo de Luís Montenegro, virada para a operacionalização do fim do que possa ainda manter-se da Revolução de 25 de Abril, como também da Constituição de 1976. Tudo o resto, em André Ventura, não passa de mais conversa há muito já conhecida da enormíssima maioria dos portugueses.
Em contrapartida, António José Seguro conseguiu levar a sua carta ao Garcia. Defendeu o seu passado político no PS na sua globalidade, e também se mostrou capaz de transmitir a capacidade para enfrentar alguém com as caraterísticas do seu oponente. Foi, no fundo, a diferença entre a classe e a truculência de um conjunto limitado de palavras e de ideias para a ação política. De resto, André Ventura, de facto, sabe bem que a enorme maioria dos eleitores não lhe concederá o seu voto.
Por fim, mais uma nova lição sobre um tema há muito dominado: este mecanismo de debates nada traz de útil aos portugueses. Tudo se transforma numa gritaria, com maior ou menor número de decibéis, mas de conteúdo realmente inútil para os cidadãos. Ultrapassar uma tal realidade é, de resto, simples e já foi testado: cada candidato utilizar o seu jornalista entrevistador, que colocará ao adversário as questões que entender, a partir de um conjunto de temas previamente combinado e num tempo rigorosamente limitado. Foi o modelo de que se deitou mão no debate que levou Miterrand ao Eliseu. E é tudo.

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