Fruto do bom senso que, felizmente, me assiste, não acompanho os mil e um programas que nos são postos à disposição pelos canais televisivos. Objetivamente, não me chegariam as 24 horas do dia. E um dos programas com que não gasto o meu tempo, é o do debate entre Adalberto Campos Fernandes e Miguel Relvas. Ora, por um acaso, num dia destes, calhei a encontrar mais um episódio deste programa, sendo que não havia ainda surgido algo de que estava à espera. E foi assim que acabei por visionar o referido debate. Um momento de sorte.
A dado passo, já perto do final do programa, mostrando alguma fúria perante a supremacia mediática do Miguel, o Adalberto saiu-se com esta máxima: pois, tenho de lhe dizer que, na Saúde, o Governo de Luís Montenegro falhou! Bom, pleno de razão, a grande verdade é que sempre vale mais tarde que nunca.
Ora, quando surgiu o Governo da Geringonça, foi com grande satisfação que tomei conhecimento de que Adalberto Campos Fernandes iria ser o Ministro da Saúde. De facto, Adalberto era oriundo da liderança do Hospital de Santa Maria, o que tomei como uma excelente referência. Mas foi por pouco tempo, e pela razão, talvez difícil de perceber por muitos, que vou expor de seguida.
Em certo dia, talvez durante a tarde, teve lugar uma qualquer cerimónia no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em que esteve presente e perorou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. A dado passo, o Presidente da República referiu Adalberto Campos Fernandes, ali presente, Ministro da Saúde, como um seu excelente amigo. Bom, fiquei espantado!
A razão de ser deste meu espanto derivou desta minha instantânea conclusão: portanto, o Marcelo está ali a dar-lhe um pontapé para cima…,
ou seja…
deverá o Serviço Nacional de Saúde vir a sofrer modificações destinadas a pôr-lhe um fim, porque é isso que o grande capital há muito deseja… E concluí: é isso, é isso…
Quando, algum tempo depois, Adalberto Campos Fernandes deixou a pasta em causa, vi tal com grande alívio, e que veio a ver-se sucedido pela satisfação com que fui vendo a competentíssima Marta Temido, realmente ligada aos valores do Governo e do partido que o suportava. Creio, se não erro, que a Marta nem era, ao tempo, filiada no PS. A verdade é que fiquei aliviado e depois progressivamente satisfeito e seguro.
Pois, neste tal recente dia, eis que recebi aquela resposta do Adalberto ao Miguel Relvas: pois, tenho de lhe dizer que, na Saúde, o Governo de Luís Montenegro falhou!
Simplesmente, isto mostrou uma tremenda desfaçatez, porque Adalberto Campos Fernandes sabe (e desde há muito!) que a Direita desde sempre desejou pôr um fim no Serviço Nacional de Saúde, de modo a poder ganhar boas fortunas nos hospitais privados.
E desde que Luís Montenegro chegou à liderança do Governo, sempre o Adalberto nos surgiu, bem veloz, a defender a Ministra da Saúde e o Primeiro-Ministro.
Cheguei a perguntar-me se, de facto, o senhor não seria militante do PSD, talvez por distração minha. E
não estou a brincar, porque a verdade é que, quando falava, era sempre para defender Ana Paula Martins!
Enfim, por estas e outras é que lá se vai mantendo a democracia por entre nós, o que está a ser uma maravilha para quem só se interessa por servir-se e não servir.
A Revolução de Abril já chegou ao que se está a ver…
TREMENDA DESFAÇATEZ: Ainda Ontem era Excelente, e Já Hoje é um Falhanço
