A ignorância por um lado, por outro o conhecimento enviesado que admite a irracionalidade são os impulsionadores para a catastrófica ascensão dos populismos que aparentemente pretendem reformar mas nada mais trazem do que destruição para que outros oportunistas ocupem os lugares dominantes.
A palavra reforma é um autêntico paradoxo: por um lado serve para agitar apoiantes descontentes; por outro nunca é posta em prática nas áreas e sobre a forma que os problemas da sociedade exigem.
Acaba, portanto, a ser veículo para os desnorteados, oportunistas, autocratas que trazem a energia suficiente e não têm limites morais e éticos a utilizar todo e qualquer meio.
O resultado trágico é inevitável pois desde o início o desvio às exigência da realidade são evidentes resultando na pobreza em todas as áreas de uma sociedade.
Peguemos no tema da habitação. É mais do que sabido – para aqueles que sinceramente pretendem saber – que o problema é um desequilíbrio entre a procura e oferta, determinada por diversos fatores como imigração superior à capacidade de acolhimento, dificuldades do setor da construção, leis e regulamentos associados à construção e ocupação de solos, disparidade entre a oferta habitacional e o poder de compra, etc. Estas dificuldades têm pesos diferentes consoante o país e até mesmo consoante a região dentro de um mesmo país.
Mas vejam como o populismo – de esquerda e direita – retorcem o tema numa gritaria em que tem que se “dar” casa às pessoas, que é um direito constitucional (em Portugal), num esforço de confusão e de precipitação, onde se tenta já inserir o tema de ocupação forçada de casas alheias criando um clima querido a certas personalidades ansiosas pela caos e autoritarismo que se lhe segue. Qual o resultado? Basta perguntar ao cidadão comum sobre o tema: nenhum é capaz de dar resposta racional e caem no populismo com o qual se afinam melhor do ponto de vista do sentimento. Reparem também no tema das pensões em Portugal.
Qual é o partido que não quer subir pensões?
Fica tão bem um lugar na história com o record de subida de pensões.
Não é tão fácil fazer caridade com o dinheiro dos outros?
Imaginem eu, autor deste texto, cobrar dinheiro a cada um de vós, pegar nesse dinheiro e ir oferecê-lo a um grupo selecionado de pessoas. Em seguida, faria um comício em como tinha feito uma das mais belas beneficências.
Que bela maneira de me promover com os vossos recursos!
É assim, infelizmente, que é tratado o tema das pensões em Portugal.
Há um dado básico neste tema: Portugal não gera riqueza suficiente desde há muito tempo para todos os gastos.
Ora, aqueles que são pensionistas hoje, contribuíram muito pouco no passado, de tal forma que as suas pensões são pagas pela geração seguinte, aqueles que trabalham agora.
Como a produtividade portuguesa é baixa, estes têm salários baixos.
Como os salários são baixos, as contribuições não podem ser altas. Mas mesmo aumentando as contribuições, resulta no empobrecimento da geração ativa atual, em benefício da geração anterior. Pergunta: e quando esta geração ativa se reformar, que se faz?
Hipoteca-se o futuro das gerações seguintes, e assim sucessivamente? Em Portugal, a segurança social está tecnicamente falida, pois todos os anos têm que ser “desviados” de 6 a 7 mil milhões de euros para a complementar. Significa que a segurança social não tem financiamento suficiente.
Quer alguém continuar a viver na ilusão que se pode estar a aumentar pensões acima das possibilidades do país sem penalizar o futuro? Estas questões deveriam estar na ordem do dia, e não a gritaria populista da caridade com os recursos alheios. E a pergunta final: queremos continuar a fomentar os ilusionistas da sociedade?
Impulso para os ilusionistas
