Custa-me acreditar que existam por aí muitos portugueses que continuem a dar crédito a que Portugal, e a situação da grande generalidade dos portugueses, esteja a melhorar. E o mesmo se pode dizer sobre a sempre apregoada paz social em Portugal, com a imagem do crescimento da criminalidade, mormente da violenta, a não passar de uma perceção.
Objetivamente, crescem, exponencialmente, os homicídios, cada dia mais violentos e menos usuais: homicídios violentos a esmo. Em contrapartida, as nossas televisões, com convidados claramente não independentes, lá nos vão vendendo a ideia de que tudo está a melhorar, só manchado por simples perceções. O grande problema, no meio de tudo isto, são os portugueses, que não vivem fora da realidade de que se vai tomando conhecimento por vias as mais diversas. E depois, essa marca bem visível, e que é o crescimento da pobreza nas ruas, num nível há muito nunca visto. E também o conhecimento que se vai tendo da falência das grandes conquistas sociais trazidas com a Constituição de 1976: Saúde, Reformas, Ensino, Habitação… Por fim, o reconhecimento de que a apreensão de vagas sucessivas de estupefacientes apenas mostra que a tentativa de por aqui as fazer passar a caminho da Europa só pode ser explicada pela perceção, ao nível dos grandes cartéis de drogas, de que Portugal é, apesar de tudo, um canal qualificado para se operar esta tarefa criminosa e altamente lucrativa.
Esta é a realidade, muito por defeito, a nós trazida pela grande comunicação social. É uma realidade que contradiz as recentes considerações da Ministra da Administração Interna Maria Lúcia Amaral. Ninguém já hoje duvida do que aqui acabo de escrever.
DUAS REALIDADES: A Criminalidade Real e o Jornalismo Que Temos
