Tiffany Pontes é uma jovem que apresenta uma promessa musical muito interessante em Montreal. Talentosa e apaixonada pela arte de cantar, representa uma nova geração de artistas luso-canadianos. Com uma voz doce e poderosa, começou a destacar-se na comunidade encantando o público com interpretações cheias de emoção e autenticidade. Montreal ganha, assim, uma nova voz que promete marcar presença — uma cantora que canta com alma.

- Como é que a música entrou pela primeira vez na sua vida?
Eu tinha 8 anos quando vi, pela primeira vez, um órgão num infomercial na televisão. Perguntei ao meu pai o que era aquilo, e ele disse-me que era um piano. A partir daí, senti um desejo fortíssimo de tocar o instrumento. Supliquei à minha mãe até que ela aceitou. A minha avó comprou-me o primeiro teclado e pagou-me as aulas, com a condição de que eu tocasse órgão na igreja para ela. Concordei e cumpri. Fui melhorando ao piano e comecei a acompanhá-la quando cantava no coro da igreja de Santa Cruz. Percebi então que adorava tocar e atuar. Também cantei no coro juvenil. Mais tarde, estudei canto e piano no Cégep Vanier, onde fiz um DEC profissional em Música. Antes da universidade, decidi estudar Enfermagem como plano de estabilidade financeira. - O que a levou a começar a cantar aos 40 anos?
Continuei a cantar em várias bandas e eventos privados enquanto trabalhava como enfermeira. A música era a minha paixão, mas, ao formar família, ficou em segundo plano por quase duas décadas. Decidi regressar à música perto dos 40, pois finalmente tinha um sistema de apoio. O meu marido e a minha família são os meus maiores fãs. Se não for agora, quando será? Seguir os meus sonhos e viver fiel a quem sou é o melhor presente que podia dar a mim mesma. - Como se sentiu da primeira vez que cantou diante de uma plateia?
Cantar em público pela primeira vez foi aterrador, mas também emocionante. Ver o brilho nos olhos das pessoas enquanto nos ouvem cantar é um verdadeiro presente. Há uma euforia natural que vem com a atuação — parecida com a sensação de correr — uma descarga de endorfinas que nos faz sentir no topo do mundo, como se fôssemos capazes de tudo. - Enfrentou dúvidas ou críticas ao começar nesta fase da vida?
Muitas das dúvidas que me travavam vinham de mim mesma. “E se não resultar? Quem vai gostar da minha música?” O medo pode ser muito forte e impedir-nos de agir, mas decidi de alimentar a minha coragem e fazer isto por mim. Algumas críticas vieram de certos familiares, mas normalmente não sigo conselhos de pessoas cujo caminho não quero seguir. Felizmente, com a idade, aprendi a deixar algumas pessoas para trás e a não as levar comigo. Por vezes, isso é difícil, mas a verdade é que nem todos têm o nosso melhor interesse no coração. Aprender a distinguir quem merece estar na nossa vida e quem não merece é uma competência muito importante. - Quem a inspira musicalmente?
Inspiro-me mais nos artistas que vivem de forma autêntica e partilham a sua criatividade na sua forma mais pura. Há tantos artistas que adoro — Esperanza Spalding, Stevie Wonder, Nina Simone, Jon Batiste, só para citar alguns. - Que mensagem espera transmitir através da sua música?
A minha música gira em torno de temas como a autorreivindicação, a libertação e o poder pessoal. A minha esperança é que qualquer pessoa que a ouça perceba o quão poderosa é e como pode provocar mudanças significativas na sua vida através de pequenas ações diárias — seja ao tomar as próprias decisões, adotar escolhas mais saudáveis ou pôr fim a uma relação tóxica. - Onde se vê daqui a alguns anos com a sua carreira musical?
Nos próximos anos, pretendo escrever mais músicas, atuar e colaborar com outros artistas. Gostaria de continuar a alcançar o maior número possível de pessoas, porque acredito no poder curativo da música e quero partilhá-lo com o mundo. - Que conselho daria a alguém que hesita em começar algo novo mais tarde na vida?
Siga os seus sonhos; comece onde estiver. Aceite o facto de começar mais tarde, porque agora tem o dom da sabedoria e da experiência de vida. Se construir um novo projeto ou criar a vida dos seus sonhos demorar 1, 10 ou 20 anos, o tempo vai passar de qualquer forma — por isso, mais vale usá-lo para cumprir o seu propósito.
Muitas pessoas hoje estão desconectadas do seu verdadeiro eu e, por isso, vivem uma vida que não lhes pertence realmente.
Nunca é tarde demais para corrigir o rumo. Esta vida bela e única é sua — o que vai fazer com ela?
No próximo dia 26 de novembro às 20h, Tiffany Pontes apresentará ao público o seu primeiro EP, num espetáculo especial no O Patro Vys (356 Ave. Mont-Royal Este), em Montreal. Este lançamento marca o início oficial da sua carreira e promete ser uma noite inesquecível, repleta de emoção, talento e orgulho luso.

