Recebeu um certificado de reconhecimento da Assembleia Nacional pela sua carreira excecional junto dos mais pequenos.
Jocelyne Grenier não tem qualquer dificuldade em fazer rir os pequenos de 3 anos no CPE Le Joyeux Carrousel, no bairro de Ville-Émard, em Montreal.
Escrito por Dominique Scali
Reformar-se? Não, obrigada, responde uma educadora de 75 anos que continua a ir quase todos os dias à mesma creche onde trabalha desde 1992 — e cuja carreira foi recentemente homenageada pela Assembleia Nacional.
«As crianças, quando gostas delas, elas gostam de ti», afirma Jocelyne Grenier, que trabalha há 33 anos no CPE Joyeux Carrousel, em Montreal.
Quatro dias por semana, acorda às 4h30, apanha o autocarro e o metro desde Mercier–Hochelaga-Maisonneuve até Ville-Émard, para cuidar dos pequenos de 3 anos entre as 7h15 e as 16h.
«E acordo sempre antes do despertador», garante ela.
A Sra. Grenier celebrou 75 anos no passado mês de junho.
«Aos 75 anos, é realmente raro!», exclama a diretora Lyubka Stoykova.
Noutras instituições, há educadoras ainda mais velhas, mas, normalmente, trabalham apenas um ou dois dias por semana, explica a diretora.
Mãe e baixista
Jocelyne Grenier nem sempre foi educadora. Em jovem, foi mãe de três filhos e voluntária em vários comités de pais. Hoje, é avó de cinco netos.
Durante 20 anos, dedicou-se à música. Tocava baixo numa banda chamada Les Concordes nos anos 1970, conta ela.
Depois, chegou o dia em que todos os filhos saíram de casa. «Começou a tornar-se aborrecido», admite.
Já perto dos 40 anos, decidiu voltar a estudar, incluindo um curso técnico na área da educação infantil.
«Assim que entrei aqui, fiquei maravilhada», diz, considerando-se hoje uma educadora muito melhor do que no início da carreira.
Jocelyne Grenier é conhecida no CPE pelo seu sentido de humor e boa disposição.
A sua marca pessoal: receber sempre as crianças com carinho, estimular a curiosidade delas e, sobretudo, fazê-las rir.
Para a Sra. Grenier, a reforma não é um objetivo. Continua fascinada pelos mais pequenos e pela forma como cada um é único.
«É isso que me mantém saudável! É tão enriquecedor.»
«Aqui, sei que sou útil. O que é que eu ia fazer? Ficar em casa? Limpar a casa?» — diz, revirando os olhos.
Onde está a nova geração?
No final de junho, a Sra. Grenier recebeu um certificado de reconhecimento da Assembleia Nacional pela sua carreira.
«Fiquei mesmo muito surpreendida. Não faço isto pelo prestígio», diz a sorrir.
Foi uma mãe do conselho de administração, em conjunto com a direção do CPE, que iniciou o processo junto do deputado local, Guillaume Cliche-Rivard.
«Vi-a com os mais pequenos, e ela tinha realmente um dom […] Dominava completamente a sala de aula e isso impressionou-me imenso», afirmou o deputado.
Por seu lado, a diretora Stoykova sente-se privilegiada por poder contar com a experiência e dedicação de educadoras como Jocelyne Grenier, numa altura em que muitos centros têm tanta dificuldade em recrutar que recorrem a agências de emprego — o que compromete a estabilidade das crianças.
«Batemos na madeira», confessa Mme Stoykova, que gostaria que o governo passasse a valorizar verdadeiramente esta profissão.
Porque, infelizmente, «não há ninguém para ocupar o seu lugar».