REALIDADE ANTIGA: Trump é uma Simples Variante da Realidade Americana


O mundo da péssima comunicação social que vamos tendo, por cá e pela generalidade do mundo, acabou por nos pôr a ouvir as mil e uma barbaridades que Donald Trump deixa sair a cada momento em que se determina a usar da palavra. Infelizmente, não faltam momentos deste tipo e a um ritmo diário.
A este propósito, Francisco Seixas da Costa, no seu blogue DUAS OU TRÊS COISAS, ofereceu-nos este seu post:
“Simplesmente Trump
Olhamos para esta comunicação nas redes sociais e rimo-nos. Nos dias de hoje, aceitamos que, com Trump, já tudo é possível. Mas o que é verdadeiramente assustador é que mais de 70 milhões de americanos apoiam-no e parece acharem este comportamento normal.”
Trata-se de um conteúdo completamente correto, mas que tem um pecado: é curto no domínio da respetiva abrangência. Infelizmente, os tais 70 milhões, ou mais, até se podem compreender como coisa normal – nos Estados Unidos, claro está –, mas a grande verdade é que no domínio da classe política mundial a coisa não se fica por menos.
Olhamos, por exemplo, o já histórico comportamento de Mark Rutte perante Donald Trump, e de pronto nos damos conta de quão baixo se pode descer perante um campeão da baboseira, da violência verbal, da ameaça, da chantagem e do comportamento mais inacreditável na História do Mundo.
Apontamos às lideranças atuais da União Europeia, e descobrimos o que há muito se poderia ter percebido: políticos deveras fracos, sobretudo com os fortes, e altamente badaladores, mas com os que se encontram em alguma dificuldade. E os povos europeus, esses, estão a cada dia muitíssimo pior do que alguma vez estiveram. Diz Trump, lá longe, uma qualquer baboseira, e de pronto os políticos europeus aplaudem, ou calam, se acaso estiverem eles na mira do badalador norte-americano. Mimos a granel…
Ora, o nosso embaixador publicou, ainda, um outro post, e que merece ser aqui apresentado:
“Ai se fosse hoje…
Os Estados Unidos estão a dever um forte pedido de desculpas a Richard Nixon. Se o Watergate tivesse ocorrido neste « big, beautiful » mundo de Trump, nem uma agulha teria bulido do lado da agora « so-called » justiça americana para incomodar o presidente.”
Bom, também aqui Francisco Seixas da Costa tem razão, mas só de um modo algo parcial. Uma parcialidade que resulta desta realidade desde sempre conhecida: os Estados Unidos foram sempre como hoje se vê com Donald Trump. Objetivamente, nunca foram uma democracia, antes uma plutocracia, onde também nunca esteve presente a separação dos poderes, como, ainda hoje, expliquei a um conhecido meu, mas deveras limitado no conhecimento das coisas históricas e na sua compreensão. Um dado é certo: tivesse Nixon dado as gravações e recusado sair, e nada de pior lhe teria acontecido. E para se perceber que é esta a realidade, basta pensar no que se passou com John Mitchell e com o antigo agente da CIA, Gordon Lidy. A grande verdade, neste amplíssimo domínio da política norte-americana, é que os Estados Unidos foram sempre como hoje se vai vendo, mas com as situações adaptadas às realidades de cada época. Basta recordar certo Presidente dos Estados Unidos, a quem o chefe de gabinete explicou existir um acórdão do Supremo Tribunal Federal, dando razão a certa tribo índia da Geórgia. Depois de ler o conteúdo do acórdão, o referido presidente disse para o seu funcionário: sim, mas isto só vale dentro da sala do Supremo Tribunal Federal! Uma história que me chegou por via de uma intervenção do académico Viriato Soromenho Marques numa sua presença em certo programa da RTP 3, organizado por Márcia Rodrigues.

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