O GRANDE DITADOR MUNDIAL
Tenho quase a certeza de que ao tempo do embate Trump-Biden, que levou o segundo à Casa Branca, tenham existido muitos concidadãos a darem crédito àquela minha afirmação, a cuja luz uma vitória do primeiro seria o início da grande ditadura mundial. Ao tempo ficou por uma afirmação, mas sem a possibilidade de se poder testar a sua verosimilhança. Mas tudo foi o decurso normal do tempo e a possibilidade de Trump poder voltar a candidatar-se a Presidente da República, corrida que veio a vencer folgadamente.
Hoje, já se percebeu, a menos de um mínimo de dúvida, o valor de certeza daquela minha perceção por evidência forte. Como muitas vezes tem lugar, lá fui dar uma olhadela ao DUAS OU TRÊS COISAS, de Francisco Seixas da Costa, onde encontrei, num dia destes, este seu post:
“A lata…
A carta de Trump a Lula, anunciando direitos aduaneiros sobre os produtos brasileiros, pelo facto de a democracia brasileira estar prestes a condenar um ex-presidente golpista, vai ficar na história da infâmia diplomática. Trump tem uma imensa « vantagem »: tem uma lata estanhada.”
É uma realidade a que tem de juntar-se o caso similar, mas sobre o julgamento de Netanyahu no seu próprio país, onde é alvo de três processos-crime por suspeitas de corrupção. Matéria já gorda, mas a que há que juntar o pedido de captura do Tribunal Penal Internacional, estendido, por igual, ao antigo Ministro da Defesa, Gallant. Ao que parece, existem agora mais dois casos que podem vir a dar no mesmo, mas sobre dois soldados israelitas que se deslocaram à Europa, onde um qualquer país expôs a realidade por eles relatada ao Tribunal Penal Internacional.
A presença de Donald Trump na Casa Branca, onde já tudo se prepara para o fazer suceder pelo seu atual Vice-Presidente, e logo que necessário, constitui uma garantia forte de que os Estados Unidos são a geratriz da tal ditadura mundial que referi há quatro anos e pouco. Infelizmente, a União Europeia é um verdadeiro anão político, para mais liderado por políticos muito cautelosos e sempre obedientes ao colosso norte-americano.
Nunca duvidei, por um segundo, de que se os Estados Unidos avançarem na construção da sua ditadura mundial, nem por isso os Estados europeus, com a sua fraquíssima União Europeia, algum dia se afastarão do ditador-chefe. Se se olhar o estado para que Portugal caminha, sobretudo no domínio tão essencial do Estado Social, percebe-se que a vivência democrática se transformou num autêntico faz-de-conta. Entre uns Estados Unidos tornados no comandante da tal ditadura mundial e uma Federação Russa que se transformasse numa autêntica democracia de referência, sempre os europeus prefeririam os norte-americanos. Além do mais, lá está o histórico desaguisado entre a Igreja Católica Ortodoxa e a Igreja Católica Apostólica Romana…
O que agora se está a passar com o comportamento do líder Trump para com o Brasil e a Justiça de Israel permite perceber esta conclusão muito elementar: os políticos europeus simplesmente nada dizem, assim como se tal comportamento tivesse sempre de ser aceite, vindo, como vem, do grande ditador mundial. Os europeus tentaram sonhar com algo de grande e de universalmente projetado, mas esqueceram a História que estava na base de tudo o que sempre haviam sido: uma autêntica manta de retalhos mal cerzidos, onde nem sequer conseguem construir os meios militares de que realmente possam necessitar.
Infelizmente, os europeus, sem poderem deixar de o ser, vivem mergulhados em palavras, muito bem manejadas por um cinismo velho e com barbas. Uma realidade que, à escala europeia e perante os Estados Unidos, se me mostra como um isomorfismo do que Miguel Sousa Tavares nos contou no seu Equador.