Vinte jogos. Décadas e décadas de uma malapata que tarda em ser quebrada. Um dia acontecerá, mas ainda não foi desta, numa noite que até começou da melhor forma para um leão que se apresentou soberano em Turim nos minutos iniciais, mas não conseguiu prolongar no tempo os bons sinais.
Capaz na circulação de bola e na exploração de oportunidades no ataque, o Sporting chegou à vantagem aos 12 minutos por Maxi Araújo e dois minutos depois Trincão acertou na trave.
A Vecchia Signora, noutros tempos dominadora da arte do catenaccio, demonstrava fragilidades que, na verdade, lhe são apontadas há muito, mas com bola apresentava outro desembaraço, sobretudo pelas mais-valias individuais.
Com Francisco Conceição ativo na direita, Vlahovic a impor-se no ataque e um sistema de 3x4x3 com os alas – sobretudo McKennie pela direita – a projetarem-se pelos corredores, a equipa de Luciano Spalletti soube expor alguma falta de organização defensiva leonina.
É que se por um lado os homens de Rui Borges mostravam personalidade e segurança com bola, sem ela a imagem era a de uma equipa desarrumada. Partida, até! Rui Silva brilhou com duas defesas enormes a remates de Vlahovic pouco depois do quarto de hora.
A reação italiana durou até o Sporting voltar a reclamar a bola. O segredo da primeira vitória, ao vigésimo jogo (!), do leão em Itália estava identificado e era tão simples quanto isto: circular com rigor e evitar perdas de bola comprometedoras.
Só que o Sporting começou a falhar cada vez mais nesta premissa. E o empate da Juve não foi propriamente uma surpresa. Não só pela história que estava a ser escrita, mas também pelo autor: Vlahovic (34m), o mais perigoso da Vecchia Signora, em antecipação a Gonçalo Inácio.
Incapaz de gerir os tempos do jogo – Conceição quase fez o 2-1 em nova jogada de permissividade leonina no lado direito da defesa – o Sporting permitiu, daí até ao intervalo, que o jogo caminhasse para uma zona onde a equipa da casa se sentia mais confortável: o lado físico, onde cada duelo travado era uma vitória quase absoluta.
O apito para o intervalo permitiu a Rui Borges retificar e a segunda parte trouxe duas equipas mais encaixadas, mas não propriamente arrumadas taticamente. Se de um lado os leões perdiam a bola demasiado cedo, o que os afastava do último terço, a Juventus vivia mais das individualidades do que propriamente da força do coletivo.
As substituições não mudaram muito aquilo em que o jogo estava transformado. Na verdade, só introduziram alguns pontos de frescura num jogo de combate e agitação permanente. Se cansava só de ver, imagine para quem estava lá dentro.
O Sporting continuou a ser igual; e a Juventus também. E nenhuma das equipas estava sequer próxima dos melhores momentos, vividos a espaços na primeira parte.
Se é verdade que a Juventus, também pela maior urgência de vitória (só dois pontos somados até ao jogo desta noite), esteve mais perto da vitória, não deixa de o ser também que foi muito pelos vários erros não forçados alheios que quase a arrancou, como naqueles minutos finais em que o leão cerrou os dentes e suplicou pelo apito final que lhe permite levar de Turim um importante ponto na luta pelo apuramento – pelo menos – para o play-off.
Sofrer para somar. E nisso o leão foi bravo.
Champions: Juventus 1-1 Sporting | Sofrer para somar
